CIGARRO E CORAÇÃO.

CIGARRO E CORAÇÃO

O hábito de fumar é um grave problema de saúde publica e fator de risco importante na determinação de doenças limitantes que levam a morte prematura.  Segundo a OMS, é a principal causa de morte todos os anos, chegando a aproximadamente 4,9milhões de mortes anualmente no mundo, relacionadas ao hábito tabágico. No Brasil existe estimativa de cerca  de 80000 mortes ano relacionadas ao cigarro, sendo este responsável por aproximadamente 45% das mortes nos homes com menos de 65 anos de idade e mais de 20% de todos os óbitos por doença coronariana nos maiores de 65 anos, além disso homens fumante entre 45 e 54 anos têm 3 vezes mais chances  de morrer de infarto do miocárdio que os não fumantes da mesma faixa etária. Nas mulheres o risco de infarto do miocárdio, embolia pulmonar e tromboflebite em mulheres jovens que fumam e usam anticoncepcionais chega a ser 10 vezes maior do que as que não fumam e usam o método contraceptivo. Já naquelas com menos de 65 anos de idade é responsável por cerca de 40% dos óbitos por doença coronariana.

O cigarro contém cerca de 7000 substâncias nocivas e só na fumaça do cigarro estão presentes cerca de 4500 substâncias que causam diversas alterações danificando o coração e vasos sanguíneos. Dentre os malefícios causados podemos destacar os efeitos cardiovasculares, dos quais, disfunção das paredes das artérias facilitando o processo de formação e adesão de placas de gordura, a formação de coágulos no interior dos vasos, aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca, estreitamento das artérias pelo fenômeno de vasoconstrição além de aumentarem o processo de inflamação do organismo.

No coração especificamente o cigarro provoca acumulo de placas nas artérias coronárias que fazem a nutrição de oxigênio do músculo cardíaco, aplaca é formada por gordura, cálcio e outras substâncias, esta placa provoca estreitamento da artéria dificultando o fluxo sanguíneo, levando a condição de isquemia do músculo, além disso, facilita através de sua ruptura a formação de coágulos em seu interior interrompendo a circulação de forma parcial ou total, levando ao infarto do miocárdio.

Nas artérias periféricas que nutrem os demais órgãos do corpo, o processo de aterosclerose (formação de placa) é o mesmo, entretanto a manifestação da doença se da nos diversos órgãos nutridos por elas como cabeça levando ao AVC, barriga levando isquemia dos órgãos sendo mais frequente no rim com desenvolvimento de insuficiência renal, e membros principalmente membros inferiores, com doenças que vão desde câimbras e dificuldade na cicatrização de feridas, até a formação de gangrena e consequente necessidade de amputação do membro acometido.

Vale lembrar que o cigarro associado, a outras doenças como diabetes, hipertensão arterial,  dislipidemia  e obesidade, eleva ainda mais o risco de doença cardíaca. Naqueles que já tiveram doença cardíaca como infarto e AVC o risco é mais elevado ainda para um novo evento.

Com relação a quantidade de cigarros fumados, mesmo que pouca ou ocasional danifica o corpo da mesma maneira, e ainda algumas pesquisas sugerem que o ato tabágico anula os benefícios de outros esforços para redução do risco cardiovascular como pratica de atividade física e uso de medicações como a aspirina e medicações para redução do colesterol.

Há também a questão dos fumantes passivos que são aquelas pessoas que convivem no mesmo ambiente com pessoas que fumam inalando a fumaça de quem esta fumando danificando da mesma maneira o organismo e afetando o sistema cardiovascular elevando o risco dessas pessoas para estas doenças.

A cessação do hábito de fumar traz enormes benefícios a saúde, e uma vez interrompido há uma redução importante do risco de desenvolver doença cardiovascular sendo que após 1 ano sem fumar há redução de cerca de 50% do risco de doença cardíaca e após 10 anos o risco cai a níveis similares ao de quem nunca fumou. Existem vários métodos para cessação do tabagismo correntes. A correta orientação destes métodos aliado a medidas simples para evitá-lo favorece a uma grande chance de deixar o hábito melhorando-se em qualidade de vida e reduzindo em muito o risco de morte ou morbidade por doença cardiovascular.

Até breve.

Dr. Daniel Afonso Dallanora Severino

Médico Cardiologista

Equipe Clinicordis Paulínia

Contato: paulinia@clinicordis.com