Tenho tentado trazer neste espaço perguntas que sempre surgem nas consultas. Uma parte destas perguntas envolve usar remédios e suplementos que são populares nas conversas, redes sociais, etc.

As pessoas estão procurando saúde (e devem procurar sempre!), mas sempre buscam um “atalho”, uma solução mais rápida e fácil do que as terríveis dietas e recomendações de atividades físicas que os médicos insistem em recomendar…

Uma destas substancias são os ômega 3, que são ácidos graxos, obtidos naturalmente a partir do consumo de óleos de peixe e linhaça, mas que hoje são suplementados em forma de capsulas.

Ao buscar rapidamente na internet acha-se inúmeros potenciais benefícios, aplicações e usos recomendados para os Omega-3… seriam anti-inflamatórios, melhorariam o humor, o sistema imunológico, reduziriam o risco de Infarto e Acidente Vascular cerebral. Obviamente estes mesmos sites tem o maravilhoso Omega para vender….

Mas o que existe de comprovado quanto ao uso destas substancias?

Em primeiro lugar precisamos saber que o processo da criação de um novo medicamento é muito trabalhoso. Cria-se uma nova molécula ou extrai-se ela da natureza e começam-se os testes. No início apenas na bancada do laboratório, depois em animais, depois em pequenos grupos de voluntários saudáveis e sem doença, depois pequenos grupos de pacientes com a doença que se quer tratar e por fim em grandes grupos de pacientes com a doença em questão, em estudos que demoram vários anos, em vários países. Vários medicamentos que pareciam muito promissores não conseguem vencer todas estas etapas e nem chegam a ser vendidas.

Um exemplo que todos lembram é a fosfoetanolamina, que foi anunciada como cura do câncer mesmo antes de testada adequadamente, e que os estudos mais sérios não conseguiram comprovar a eficiência e utilidade.

Os ômega-3 foram bastante estudados. Centenas de estudos clínicos sérios foram feitos com ele para uso em insuficiência cardíaca, em pacientes após infarto do miocárdio, em pacientes com risco elevado de doenças do coração, mas embora alguns resultados tenham sido animadores até hoje não existe prova que funcionem e não existe recomendação das sociedades medicas para uso em larga escala.

Os cardiologistas hoje os prescrevem as como uma medicação auxiliar para a redução de triglicerídeos, e nesta indicação podem ajudar.

Porém o mais importante de nossa conversa é: nunca tome medicamentos sem a recomendação de um médico! O remédio excelente que sua vizinha ou comadre toma pode até ser realmente adequado ao seu caso, mas somente o médico pode afirmar isto com certeza.

Um grande abraço, e até a próxima.

Dr Daniel Dias