MINHA CASA PODE SER UM LUGAR PERIGOSO?
Caros leitores, tudo bem?
Resolvi abordar um assunto hoje que envolve um grande risco a nossa população de idosos: o risco de uma queda dentro de casa. Parece pouco importante? Pois não é!
Nossa população tem envelhecido progressivamente. O Brasil tem hoje carca de 15 milhões de idosos. Estes idosos tem um número cada vez maior de doenças, que diminuem sua mobilidade e aumentam o risco de uma queda. Estima-se que 30% dos idosos apresentam uma queda ao ano, e aqueles idosos institucionalizados, 3 vezes mais.
Os idosos acima de 75 anos que passam a precisar de ajuda em suas atividades cotidianas simples (tomar banho, vestir-se, alimentar-se) tem um risco 14 vezes maior de queda. Mulheres em geral tem risco maior de queda do que os homens, pois tem menor massa muscular.
E as consequências? São sérias, principalmente pelo alto risco de fraturas, internações, cirurgias, complicações destas internações e por vezes, até o falecimento. Além disto, cair traz para o idoso um grande baque emocional, piorando quadros depressivos e levando a uma maior imobilidade e aumento de incapacidade física. Muitas vezes um idoso que vinha bem de saúde a partir de uma queda tem uma grande piora de sua qualidade de vida, por vezes até levando a ser institucionalizado.
Bom, mas como prevenir estas quedas?
Em primeiro lugar, é preciso lembrar que quanto mais ativos e independentes somos mesmo quando idosos, menor o risco da queda. Assim, a manutenção de uma atividade física é extremamente importante. Ginástica, Pilates, Musculação, atividades que proporcionem uma manutenção da força muscular e melhorem o equilíbrio serão de grande ajuda.
Depois, lembrar que alguns medicamentos aumentam o risco de quedas, como os calmantes, medicamentos para dormir, medicamentos para pressão alta. As doenças que mexem como o equilíbrio e com o ato de andar também vão aumentar o risco de quedas, tais como as doenças do labirinto, o Mal de Parkinson e outras. Estes idosos tem que redobrar a atenção.
Muito importante é que calçamos… tanto o chinelo de dedo quanto saltos mais altos que 2 cm em idosos aumentam o risco de quedas.
Mas, por fim, o que fazer dentro de casa? Aqui brinco dizendo que devemos seguir a regra do desapega. Eliminar um monte de “cacarecos” que fomos acumulando ao longo da vida que vão transformando a casa em uma enorme armadilha. Vamos aos itens a serem levados em conta ao tornar uma casa menos propensa a acidentes:
– Retirar tapetes, sejam pequenos ou grandes;
– Retirar móveis baixos (como mesas de centro), principalmente em locais de grande circulação na casa, que favorecem escorregões e tropeços;
– Iluminar bem todos os ambientes, preferir cores claras para as paredes, moveis claros e/ou de cores bem vivas, para facilitar a visualização;
– Instalar barras de apoio nos banheiros, dentro do chuveiro e em frente ao vaso sanitário e bidê; existem também louças sanitárias mais altas, que favorecem o sentar e levantar;
– Colocar piso antiderrapante em banheiro, principalmente no box e banheira;
– Evitar uso de escadas: a casa deve ser preferencialmente térrea, ou o quarto do idoso deve ser no andar de baixo, o que facilita o deslocamento; na eventualidade de precisar manter o uso das escadas, sempre com corrimão;
– colocar interruptores de fácil acesso junto á cama, para evitar caminhar no escuro no meio da noite ao levantar para ir ao banheiro;
– camas, sofás e poltronas de altura compatível com o idoso, além de dotadas de pontos de apoio para levantar também ajudam a manter a boa mobilidade e reduzir quedas ao levantar;
Como vimos, as atitudes a serem tomadas são muitas vezes simples, embora sempre possa haver alguma resistência pelos hábitos antigos. Mas tenho certeza que uma vez colocadas em prática terão grande utilidade aos nossos queridos idosos.
Um grande abraço e até a próxima!
Dr. Daniel Lages Dias
Medico cardiologista
Diretor técnico – Clinicordis Paulínia