JÁ TIVE COVID-19. POSSO PEGAR NOVAMENTE??
Esta pergunta está em alta nessa fase da pandemia, com a abertura gradual de comercio academias e parques, as pessoas voltam a circular, mas ai juntou ao medo daquelas que ainda não se contaminaram, vem a pergunta àqueles que já tiveram a doença.
Nas pessoas que já tiveram a doença, principalmente naqueles que tiveram formas brandas da doença e assintomáticos e naqueles que acreditam nos “kits de tratamento” (lembro que não há tratamento eficaz comprovado), há um certo relaxamento nas medidas de proteção e cuidado porque de certa forma, sentem-se protegidos pela tal imunidade adquirida pelas famosas imunoglobulinas (IgGs) que são dosadas em laboratório e conferem ao portador “certificado de cura da COVID-19” . Com estas a tal imunidade de rebanho poderia ser eficaz e trazer certa segurança para aqueles ainda não infectados.
Entretanto nos últimos dias surgiu o caso em Hong Kong na China de um homem com possível reinfecção confirmada após quatro meses de já ter tido a doença, além é claro de daqueles que todos nós temos ouvido falar que fulano e cicrano tiveram a doença e pegaram novamente o COVID-19
Tento explicar tudo isso, até agora pouco se sabe sobre o comportamento da doença no ser humano e se ela confere imunidade definitiva. Sabemos que numa primeira infecção pelo Coronavirus, desenvolvemos anticorpos a depender da exposição ao vírus (chamada carga viral) estes serão em maior ou menor grau dependendo da exposição. O entendimento de quanto e como a recuperação da COVID-19 pode conferir imunidade, diminuir a gravidade ou a possibilidade de reinfecção, se faz necessário para que possamos adequar os esforços sociais e definir até quando as intervenções como, uso de mascara e distanciamento social devem ser mantidos.
Dentro do conhecimento atual sobre a resposta imune ao COVID-19, a literatura relata que os anticorpos (IgGs) parecem persistir nos primeiros 40 dias pós infecção. Já, em outras coronaviroses (doenças causadas por outros tipos de coronavirus), como SARS CoV-1 e a MERS-CoV, os anticorpos podem persistir entre de 2 a 3 anos. Com isso mesmo que o caso de Hong Kong não se confirme, há a possibilidade de mesmo assim a imunidade não ser definitiva. Por isso as vacinas (atualmente 130 sendo estudadas no mundo com pelo menos 3 delas já em teste aqui no Brasil), são tão importantes.
O que temos de positivo é que aparentemente aqueles que tiveram a doença desde formas leves até aquelas formas mais graves ocorre uma proteção temporária a novas infecções pelo COVID – 19 ainda não sabemos se essa imunidade será definitiva. As vacinas estão em desenvolvimento com perspectiva de estarem no mercado num espaço de tempo relativamente curto. Em geral no Brasil apesar do grande número de óbitos, esta diminuindo o numero de contaminados.
Se você que esta lendo não teve a doença mantenha os cuidados habituais. Mantenha as medidas de distanciamento social, use mascaras, lave as mãos com frequência e utilize álcool em gel. Se você já teve a doença mantenha as mesmas medidas ditas acima, pois apesar de já ter tido a doença não há garantias que você não possa se reinfectar.
Cuidem-se e até a próxima
Dr. Daniel Afonso Dallanora Severino
Médico Cardiologista
CRM 102038