CONSUMO DE ÓLEO DE COCO E RISCO CARDIOVASCULAR.

CONSUMO DE ÓLEO DE COCO E RISCO CARDIOVASCULAR

O óleo de coco tem sido amplamente usado e divulgado como substância altamente benéfica, responsável por efeitos como aumento da imunidade a doenças, perda de peso corporal devido ao baixo índice glicêmico, prevenindo assim doenças como o diabetes e fator protetor e redutor de risco cardiovascular por diminuir a atividade inflamatória e principalmente redução dos níveis de LDL colesterol. Tais informações são amplamente difundidas via mídias sociais atuais por ditos “especialistas” nas mais variadas áreas da saúde.

Entretanto, caros leitores, tais benefícios NUNCA foram comprovados nos mais diversos estudos (sérios), já realizados. Além do mais quando o óleo de coco foi submetido a estudos clínicos ou análises observacionais, não se observam evidencias de tais benefícios sendo que por vezes mostram malefícios à saúde da população usuária.

O óleo de coco contem elevados níveis de gorduras saturadas, o que contribui para aumento do colesterol sérico. Sendo assim, foi realizado uma meta análise publicada em janeiro de 2020 em revista cardiológica especializada, com revisão sistemática de vários estudos clínicos que avaliaram o efeito do consumo do óleo de coco no perfil lipídico e outros fatores de risco cardiovascular, comparando-o com consumo de outros óleos comestíveis principalmente óleos vegetais (canola p.ex.).

Os principais efeitos avaliados foram os níveis de LDL (colesterol RUIM), e HDL (colesterol BOM), colesterol total, triglicérides, gordura corporal, marcadores de inflamação e glicemia (“açúcar no sangue”), ou seja, exatamente os mesmos fatores que são ditos melhorar tanto para a população quando do consumo do óleo de coco regularmente, ou em substituição a outros óleos vegetais, que encontramos facilmente na literatura de internet (é só dar um “Google” para comprovar o que digo).

Na análise em questão, observou-se que o consumo de óleo de coco, significativamente AUMENTOU os níveis de LDL colesterol quando comparado ao consumo de outros óleos vegetais, e que o consumo de óleo de coco NÂO se relacionou com efeitos significativos em marcadores de glicemia, inflamação e adiposidade em relação a outros óleos vegetais. Ou seja, o consumo de óleo de coco não diminuiu a chance de desenvolver diabetes, NÂO emagreceu e não melhorou a imunidade de nenhuma pessoa que do grupo que consumia óleo de coco em relação às pessoas que consumiam outros óleos vegetais (canola, azeite, linhaça…), além disso, AUMENTOU os níveis de colesterol ruim, este sim grande responsável pela formação de placas de aterosclerose nas artérias e relacionado diretamente ao aumento do risco de doenças cardíacas e vasculares.

Recomendo a todos sempre muito cuidado com as informações vistas em redes sociais e vídeos compartilhados com pessoas que se dizem “especialistas” e que conhecem maneiras miraculosas para melhora na qualidade de vida e bem estar vocês certamente estarão piorando em muito o risco de adquirir doenças evitáveis.

Procurem sempre médicos, nutricionistas e profissionais demais profissionais da área da saúde confiáveis e que estejam realmente atualizados e interessados no bem estar coletivo.

Segue abaixo o posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) sobre o uso do óleo de coco para perda de peso.

“Considerando que muitos nutricionistas e médicos estão prescrevendo óleo de coco para pacientes que querem emagrecer, alegando sua eficácia para tal propósito; Considerando que não há qualquer evidência nem mecanismo fisiológico de que o óleo de coco leve à perda de peso; Considerando que o uso do óleo de coco pode ser deletério para os pacientes devido à sua elevada concentração de ácidos graxos saturados, como ácido láurico e mirístico; A SBEM e a ABESO posicionam-se frontalmente contra a utilização terapêutica do óleo de coco com a finalidade de emagrecimento, considerando tal conduta não ter evidências científicas de eficácia e apresentar potenciais riscos para a saúde. A SBEM e a ABESO também não recomendam o uso regular de óleo de coco como óleo de cozinha, devido ao seu alto teor de gorduras saturadas e próinflamatórias. O uso de óleos vegetais com maior teor de gorduras insaturadas (como soja, oliva, canola e linhaça) com moderação, é preferível para redução de risco cardiovascular”

Até mais,

Dr. Daniel Afonso Dallanora Severino

                            CRM 102038