Há vários anos que já sabemos que estre as várias causas de problemas cardíacos se inclui o Estresse.
Assim, nas consultas cardiológicas, além de recomendarmos que se controle a pressão arterial, o diabetes, os níveis de colesterol, que se pare de fumar, sempre acrescentamos a recomendação de reduzir a ansiedade, o estresse.
Esse estresse tem a capacidade de contribuir para o aumento da pressão arterial, tornar um diabetes mais difícil de ser controlado, e os níveis constantemente elevados da adrenalina podem acelerar o entupimento dos vasos, a chamada Aterosclerose, e ao longo dos anos levar aos Infartos e Derrames.
Porém, e o estresse agudo? Faz mal? É possível morrer do coração por um grande estresse? A resposta é sim, existe uma condição rara na qual podemos morrer por estresse ou por tristeza.
A doença foi descrita pela primeira vez no Japão, na década de 1970, e recebeu o nome de Síndrome de Takotsubo (pela modificação na forma do coração durante a doença, que tem o aspecto de uma armadilha para pegar polvos) ou Síndrome do Coração Partido.
Essa doença atinge principalmente mulheres de meia idade, após a menopausa, e se apresenta tal como um Infarto, com dor no peito e alterações do eletrocardiograma, das enzimas e do Ecocardiograma, surgindo APÓS grandes emoções, como um falecimento, um grande estresse emocional ou físico. O que temos visto são pacientes cronicamente ansiosos, e que em determinado momento “extrapolam” essa ansiedade, desencadeando o quadro clínico.
Após admitidas no hospital e encaminhadas ao exame de cateterismo para confirmar e tratar o provável Infarto, se descobre que as artérias coronárias são normais, não tem nenhuma obstrução… e o que causou então esse quadro tão semelhante a um Infarto? Uma enorme e súbita descarga de adrenalina, que pode prejudicar o funcionamento do músculo cardíaco e causar espasmo das artérias coronárias.
O quadro clínico pode ser realmente grave, com queda da pressão e acúmulo de água nos pulmões, necessidade de internação em UTI e uso de vários medicamentos que auxiliam o trabalho do coração doente.
A boa notícia é que após 2 a 3 semanas, ocorre a completa recuperação do músculo cardíaco, e Síndrome do Coração Partido não deixa sequelas permanentes.
Devemos ver essas situações como uma oportunidade para que esses pacientes, não só na Síndrome do Coração Partido, mas também naqueles com outras complicações agudas e sérias, para que aproveitem e modifiquem sua relação com a vida, com o trabalho, com seus familiares. Que aproveitem essa segunda chance para ter alimentação mais saudável, maior proximidade a Deus, atividades de lazer e exercícios, em busca de uma vida mais feliz.
Afinal, “aquilo que não me mata me torna mais forte…” (Friedrich Nietzsche).
Um grande abraço a todos, e até a próxima.
Dr. Daniel Lages Dias
Médico Cardiologista – Diretor Técnico Novacordis